Candidatos do Bloco de Esquerda respondem ao repto das Associações Ambientalistas
Os cabeças de lista do Bloco de Esquerda dos distritos de Portalegre e Castelo Branco promoveram, neste dia 14 de Setembro, uma iniciativa de alerta em relação à degradação ambiental que se verifica no Tejo, com especial ênfase na zona de Vila Velha do Ródão. Na sequência dos apelos de diversas associações que têm denunciado, de forma sistemática, a falta de empenhamento das autoridades no controlo das descargas de algumas empresas da região, o Bloco de Esquerda organizou uma visita guiada às ribeiras sujeitas à pressão da indústria.
A presença do deputado Pedro Filipe Soares confirmou a importância que o BE atribui às questões da água, do ambiente e da sustentabilidade. Em zonas como a bacia hidrográfica do Tejo, o equilíbrio entre a actividade industrial e todas as restantes actividades humanas que contribuem para a economia local, deve resultar de uma gestão participada e cuidadosa de todos os agentes do desenvolvimento. Existem, hoje, soluções tecnológicas e conhecimento que permitem salvaguardar o potencial histórico-natural em paralelo com produções que, necessariamente, agridem o ambiente.
O nosso guia foi Nuno Coelho, da empresa Incentivos Outdoor (animação turística), que num passeio aquático nos levou às ribeiras de Enxarrique e do Açafal, explicando de uma forma muito clara os problemas associados ao agravamento das questões ambientais no rio Tejo. Segundo este técnico, profundo conhecedor da situação, as empresas mais poluidoras serão a Centroliva e algumas das pequenas indústrias de produtos alimentares e de papel existentes em Vila Velha. Embora possa dar, pontualmente, algum contributo para a degradação da qualidade da água, a Celtejo não será o principal responsável pelos problemas que recorrentemente têm vindo a lume na imprensa nacional.
Em 2012 podia ler-se numa notícia do Público: A Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Tejo elaborou “autos de notícia” contra a Câmara de Vila Velha de Ródão e a empresa Centroliva, por alegadas descargas ilegais de efluentes, informa um relatório daquela entidade. Ao que parece a situação não mudou e hoje assiste-se, mais uma vez à morte de peixes e lagostins, à impossibilidade de viver o Rio Tejo em todo o seu potencial, à degradação da imagem de uma região protegida internacionalmente.
Está hoje provado que a estratégia das empresas para fugir ao controlo das autoridades se baseia na fragilidade destas no que respeita a realização das análises à água, após uma descarga ilegal. Efectivamente, a maioria dos casos ocorre à sexta-feira ou ao sábado de modo a prolongar e dificultar a concretização das análises (que são realizadas em Lisboa) uma vez que há um tempo limite para as efectuar. Por outro lado, desde que as empresas disponham de licença ambiental, têm sempre a possibilidade de fazer apelo, mesmo que a posteriori, a uma justificação aceite pelos inspectores associada a avaria de equipamentos. Neste caso as coimas não passam dos 500 a 600 euros, revelando que o crime compensa no domínio ambiental.
As dez famílias que vivem da apanha dos lagostins nas Portas do Ródão são, sem dúvida, um barómetro natural para avaliar da qualidade da água uma vez que são os primeiros a dar pelas que nos parecem legitimas perguntas:
Será que alguém já fez contas ao custo para colocar a água do rio Tejo em condições?
Não seria melhor encontrar uma solução que evitasse de uma vez por todas a morte lenta do nosso principal rio?
Rui Pulido Valente
Cabeça de lista do BE no distrito de Portalegre