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OUVIR, PENSAR, CONSTRUIR SOLUÇÕES…COM AS PESSOAS

Manifesto Eleitoral

Este é o Manifesto Eleitoral dos candidatos a deputados do Bloco de Esquerda do Distrito de Portalegre. É diferente de outros manifestos apesar do País ser o mesmo e os problemas muito semelhantes a outras regiões. O País é o mesmo mas as políticas para o interior transformam-no em duas realidades muito distintas.

A representatividade e a capacidade da região para ser ouvida está limitada a dois deputados que são eleitos com mais de 20 mil votos. O distrito tem sido castigado pela ausência de uma verdadeira regionalização que permita ao interior ter uma presença na política nacional que integre outros factores que não e apenas o número de habitantes e o dinheiro que movimenta. Outros valores como o ambiente, a natureza, a economia local, o património ou a proximidade, têm estado ausentes (desvalorizados) em favor de formas de vida que nada têm a ver com a realidade de um mundo rural.

Sem regionalização não há políticas sectoriais para o distrito: não se defende a saúde para o Alto Alentejo; não se encontra uma solução para o Ensino e Formação no Norte Alentejo; não existe uma linha integrada para a defesa do Turismo neste cantinho maravilha do Alentejo; não se cria emprego local a partir de uma dinamização da actividade e da economia das pequenas comunidades; não se fomenta uma política cultural ajustada à nossa tradição e história; não se encontra um caminho para a sustentabilidade energética e ambiental tão fácil numa terra rica em água, sol e vento; não se apoia de forma directa as inúmeras micro e PME’s que são o sangue da nossa frágil economia; não se chega a ter uma rede social capaz de dar resposta ao envelhecimento da população. Mas acima de tudo, sem regionalização não é possível atrair novos habitantes para o distrito e recuperar as expectativas e a qualidade de vida que atraiu muitos jovens casais nos idos anos 80/90.

Sem políticas regionais não é possível acabar com a desigualdade social, marca distintiva das soluções impostas por todos os governos sob as orientações de Bruxelas.

Somos candidatos a deputados para representar uma zona interior do País e assumimos, em primeiro lugar, o compromisso de OUVIR OS NOSSOS ELEITORES para, através da Assembleia da República, levar ao conhecimento do País as questões que dificultam o nosso desenvolvimento e exigir a solidariedade territorial. Mas os deputados precisam de estar suportados pela região o que neste momento apenas passa pelas Comunidades Intermunicipais e pelas Comissões de Coordenação, nenhuma destas estruturas eleita pelos cidadãos.

Os partidos que se têm revezado no poder criaram uma situação de dependência que os limita nas soluções para os problemas. São incapazes de pensar sem condicionamentos e compromissos que nada têm a ver com os interesses das populações. Já não é apenas a questão da corrupção que parece ter assumido uma dimensão incontornável, são os inúmeros compadrios, favores, irregularidades e mesmo, ilegalidades, que encontramos nas nossas instituições e organizações. Estes comportamentos têm dado um contributo importante para a distorção (desvirtuação) da democracia. Este fenómeno é transversal à sociedade. Todos sabemos o que se passa no distrito e, particularmente, em Portalegre.

Dar força e representatividade aos partidos de esquerda e, nomeadamente, ao BE é retirar ao PS, PSD e CDS a sua capacidade de secar tudo à sua volta cegos pela obsessão com o poder que os leva a deixar de pensar nas pessoas. Obrigar os partidos a conversar e entenderem-se para que os próprios eleitores tenham a capacidade de avaliar o seu trabalho concreto. Viver a democracia apelando à participação de todos muito para além do voto de quatro em quatro anos. Chamar as populações e as suas organizações (associações, colectividades, grupos, etc…) para participarem na discussão dos problemas e na definição de soluções.

É necessário olhar e pensar as coisas de forma ajustada e não por modelos convencionais, aplicados de forma indiscriminada. Se a escala da nossa região é pequena as soluções devem ter isso em conta. Em meios pequenos o trabalho e os modos de vida são diferentes. É assim necessário potenciar todas as formas de economia que permitam a sustentabilidade: trocas de produtos, produção local, auto-consumo, moeda local, troca de serviços, auto-emprego, soluções empresariais, etc.. Dinamizar a economia através de soluções locais.

A questão energética pode e deve constituir-se como o factor de união do distrito para um objectivo comum: acabar com a dependência do petróleo definindo uma política para as energias renováveis que integre entidades públicas e privadas. Autarquias, empresas, instituições e particulares, sob a coordenação da Agência de Energia, devem potenciar os apoios financeiros existentes para um verdadeiro programa energético para o distrito. Pelas suas características e pela sua exequibilidade o Plano Energético constitui-se como um factor estratégico central para uma mudança do Alto Alentejo. 

Torna-se necessário encontrar respostas locais para os problemas da região, uma vez que as respostas convencionais se mostraram completamente desajustadas. Assim é possível olhar de forma individualizada cada situação e criar condições para que as pessoas construam as suas próprias soluções.

O nosso compromisso é ouvir as pessoas e construir com elas soluções inovadoras para os seus problemas.

A reabilitação urbana nas vilas e cidades pode constituir um factor de desenvolvimento da economia e criação de emprego, contribuindo para o reforço das PME’s associadas à construção e obras públicas.

Mas trais programas terão que estar integrados em políticas de desenvolvimento local promovidos numa colaboração estreita entre as autarquias locais e os vários agentes da região, incluindo os privados, recorrendo sempre que possível a apoios do Estado Central e da União Europeia.

Uma das formas de combater a precariedade no trabalho é exigir às empresas e aos organismos do Estado uma verdadeira política de emprego e de qualificação do trabalho que poderá passar pela contratação de, pelo menos, 50% dos estagiários que neste momento são apoiados em programas financiados por dinheiros públicos.

Portalegre, 6 de Agosto de 2015, 70 anos depois do lançamento da bomba atómica sobre Hiroshima, uma das maiores atrocidades cometidas pelo ser humano que nem um contexto de guerra pode justificar