Para que o planeta terra tivesse condições para acolher as formas mais evoluídas de vida, foi necessário que durante muitos milhões de anos as densas florestas libertassem oxigénio para criar uma atmosfera respirável às espécies animais nas quais se veio a incluir a humana . No presente, são ainda as florestas que asseguram este importante papel de limpar a atmosfera de carbono e libertar o oxigênio. São também as áreas arborizadas que fazem baixar a temperatura evitando a desertificação e minorando o flagelo com que nos deparamos, o tão falado aquecimento global.
Cada região do Globo deu origem a uma floresta adaptada ao seu clima e aos seus solos, a essa floresta damos o nome de - floresta autóctone - e a ela estão associados, porque dela dependem, animais e plantas, a esse complexo conjunto damos o nome de Ecossistema que é gerador de Biodiversidade.
Hoje em dia se excluirmos os montados e bosques de sobro e azinho sobejamente conhecidos de todos os portugueses, nada mais restará na nossa ideia senão os eucaliptais e pinhais que têm constituído o grosso do flagelo que são os fogos florestais.
Com o desenvolvimento industrial, a pouco e pouco a floresta autóctone tem vindo a ser substituída por espécies de árvores exóticas.
Em portugal não existe uma política florestal e como consequência o ordenamento é inexistente, o que permite uma total desregulação do sector, onde tudo é permitido desde que se alegue a importância econômica.
Num país cada vez mais turístico, a floresta autóctone trás-nos a diversidade paisagística, a possibilidade ampliar a oferta através de percursos pedestres na descoberta da diversidade da flora e da fauna; num país vinicola necessitamos da madeira dos carvalhos para tanoaria; com uma importante indústria de mobiliário temos que importar madeiras nobres de cerejeira, nogueira, carvalho ou madeira exótica, contribuindo para a desflorestação da floresta tropical; quando tanto se fala de recuperação do edificado, onde está a produção de castanheiros para as estruturas em madeira? Na verdade, apenas uma fileira florestal esta activa e condiciona todo o sector florestal - a indústria da celulose.
Num país do sul da Europa, com verões quentes e secos, precisamos de uma floresta que
conserve a humidade, retenha a água e ao mesmo tempo preserve os solos da erosão, face ao regime das chuvas cada vez mais torrencial devido às alterações climáticas.
A monocultura florestal de espécies muito inflamáveis deverá ser contida em manchas reduzidas, diversificando o uso do solo em pastagens e agricultura e com isto permitir a fixação de população contrariando o êxodo rural. Mas para que tal aconteça, os parcos 8% do investimento do "Portugal 20/20" aplicados ao desenvolvimento do interior serão manifestamente insuficientes.
Temos que saber retirar os recursos de uma floresta autóctone, naturalmente adaptada ao fogo e com capacidade de auto-regeneração, esta será porventura a forma mais natural e mais económica de prevenção.