A Comissão Europeia e os governos dos Estados membros continuam a não estar interessados em que seja a banca a pagar pelas suas próprias dificuldades e por isso não avançam com a criação de um fundo europeu de resolução bancária, denunciou Marisa Matias no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Desde que a crise começou, recordou a eurodeputada do Bloco de Esquerda, “o dinheiro público europeu utilizado para recapitalizar a banca comercial europeia representa 10% da totalidade da riqueza criada no espaço europeu e 20 vezes o montante do resgate a Portugal”.
Trata-se, acrescentou Marisa Matias, de dinheiro público retirado sobretudo ao trabalho e às pensões dos cidadãos. No entanto, nem a Comissão nem os governos, onde pontifica neste caso o da Alemanha, estão interessados em criar um fundo europeu de resolução bancária através do qual sejam os bancos a pagar os seus próprios problemas “e muito menos em definir um sistema de garantia de depósitos que possa ser comum”.
Estamos, pois, “perante uma farsa”, acusou a eurodeputada do Bloco de Esquerda, “porque não há vontade política para dizer aos cidadãos e cidadãs europeias que é a vez de serem os bancos a pagar as suas dificuldades”.
Os cidadãos e cidadãs da Europa, lembrou Marisa Matias, “já pagaram muito mais do que deviam porque o dinheiro público serve para o crescimento e para a promoção do emprego, não pode continuar a servir para salvar o sistema financeiro”.