Caros ouvintes, este governo já vai no terceiro orçamento, sempre com promessas de melhoras, mas aquilo a que assistimos é a mais empobrecimento. Aumentam os impostos sobre quem trabalha, enquanto descem os salários e pensões, sendo estes, que pagam os roubos do BPN e outros... 82% dos cortes, são feitos à custa dos funcionários públicos, dos reformados, da Saúde e da Educação. A banca e os monopólios da energia suportam apenas 4% do esforço. Para agravar tudo isto, o Governo destrói o Estado Social e privatiza o que deve ser público. Portugal tem uma despesa pública abaixo da registada em média na zona euro e, em nome de uma recuperação que falhou, atirou com milhões para o lixo e criou um caos social.
Depois, ainda somos confrontados com a hipocrisia de quem diz querer colaborar com a caridadezinha, angariando milhões com as operações de recolha de alimentos ao mesmo tempo que despede funcionários para não lhes garantir direitos. Refiro-me a pessoas como Soares dos Santos que se aproveitam da desgraça, para enriquecerem e transferirem as suas fortunas para países como a Holanda.
O Banco alimentar não pode ser, nem é a solução, tem que servir apenas para emergências. Está à vista que as operações de recolha dão um lucro fabuloso aos supermercados e às grandes superfícies, enquanto o Estado recolhe milhões de euros em impostos só com a campanha de recolha de alimentos.
Empresas como a Jerónimo Martins, EDP e Galp alinham no discurso do governo da caridade e num sistema social assistencialista e agora, ainda vão ter a prenda de Natal para encaixarem mais uns milhões com a reforma do IRC. A caridade acaba por ser um disfarce das políticas sociais erradas e muitas vezes até fomenta a fuga de impostos para não falar da lavagem de dinheiro.
Outra novidade a que assistimos hoje é a substituição do voluntariado por empreendedorismo social… Este governo quer que a sociedade se organize para substituir as entidades e os serviços públicos que deviam garantir um apoio incondicional sem humilhar quem precisa de ajuda. Por outro lado, ensinam-se as crianças e os adultos que o problema da fome se resolve com distribuição de sacos de plástico. Claro que estas campanhas fazem falta, mas é este o modelo que queremos? Produzir pobres para engordar milionários, enquanto este distrito é dos que mais depende das cantinas sociais?
Numa altura em que se comemora o nascimento de quem foi contra as desigualdades, que condenou os que têm muito e não repartem; numa altura em que o Papa Francisco, eleito personalidade do ano, condenou a “A Ganância de Quem Busca Lucros Fáceis" e apelou à humildade, espero que sirva de inspiração aos portugueses para perceberem que não queremos um Natal dos pobres, mas um Natal para todos, sem hipocrisias.
Desejo a todos Boas-Festas!