Em análise do Estudo de Caracterização do Turismo no Espaço Rural e do Turismo de Natureza em Portugal, Direção Geral de agricultura e desenvolvimento rural Concurso Público no. 9/2008, a distribuição das várias componentes de investimento em turismo Rural, revela que o alojamento e o terreno concentram a maior parte dos encargos dos estabelecimentos (quer no seu todo, quer na fase inicial de negócio) mostrando que o património dos proprietários tem uma importância decisiva no início da atividade empresarial.
Este Start Up ou investimento inicial, dificulta a cimentação e rendibilidade das empresas que são criadas, pois o investimento inicial para não proprietários é bastante elevado. A concessão destes espaços requalificados tem sido prática comum em vários concelhos, a fim de cimentar postos de trabalho, criando em simultâneo uma oferta cultural séria, constante e organizada, revitalizando as visitas ocasionais á cidade/vila e dinamizando o mercado da construção civil local em imóveis estratégicos, com valor histórico local.
Os dados assinalam uma composição coerente da estrutura de rubricas de investimento, com a maior parte dos estabelecimentos inquiridos a concentrar recursos na componente de alojamento, seguida da reestruturação do espaço (terreno) e dos equipamentos de apoio à gestão e da restauração.
A parceria com privados na criação simultânea de espaços públicos com interesse público/turístico e empresas privadas, já é prática comum neste concelho, através do modelo de concessão camarária adotado por esta autarquia em infraestruturas como: o pavilhão municipal, estádio municipal, piscinas municipais, requalificação da zona ribeirinha, etc... pode ser alargado a outro tipo de concessões públicas, que dinamizem outro tipo de mercados, pode inclusive, trazer como já trouxe noutras regiões do país nomeadamente na Beira Interior, distritos de Castelo Branco e Covilhã, como Fundão e Idanha-a-Nova (estes últimos numa escala mais adequada ao concelho) uma fonte de rendimento fixa para as autarquias que exploram as rendas dos espaços, para os privados que retiram daí rendimentos e criam de forma sustentada emprego no concelho, assim como sustentam todos os serviços e fornecedores de serviços a estas atividades; manutenção das infraestruturas; contribuindo de forma positiva para a liquidez do tecido empresarial local.
Os indicadores disponíveis apontam para uma menor presença no investimento inicial dos encargos com fatores de competitividade, nomeadamente:
(i) Marcas, alvarás e patentes (26,2% dos estabelecimentos);
(ii) Promoção e marketing (18,6%);
(iii) Estruturas de animação turística (13%);
(iv) Proteção ambiental e racionalização energética (8,1%);
(v) Formação profissional (2,9%).
Facilitar estas componentes de investimento, criando um visto Gold Local integrado para empresas deste setor que se queiram cimentar no concelho, é uma forma fácil e rápida de atrair investimento num setor que apesar da crise, se demonstrou a principal âncora da economia portuguesa nos últimos três anos.
Diminui o investimento inicial e os custos a longo prazo, com reduções fiscais no IMI durante um período cinco anos, para proprietários de imóveis que os utilizem para este tipo de investimento ou para empresas que comprem este tipo de imóveis com o intuito de investir nos mesmos de forma ativa e constante, durante um mínimo de 3 anos.
O florescimento de Hosteis e pousadas junto a povoações com lagoas, barragens e cursos de água, piscinas fluviais, tem sido uma realidade graças aos apoios do Turismo de Portugal e Inatel, que têm tido um papel preponderante na promoção destas atividades em mercados internacionais. O potencial náutico não deve ser ignorado e deve ser explorado ao máximo, apostando numa promoção internacional.
O festival Sete Sois Sete Luas pode crescer muito mais e tornar-se numa âncora muito importante para este concelho, se forem criadas condições para que a oferta cultural contribua para a manutenção da oferta turística.
Como demonstrado pelas percentagens, retiradas do Estudo de Caracterização do Turismo no Espaço Rural e do Turismo de Natureza em Portugal, Direção Geral de agricultura e desenvolvimento rural Concurso Público no. 9/2008, a criação de uma oferta cultural constante, pode em conjunto com intervenções estratégicas em espaços com potencialidade turística, diminuir em mais de 1/5 o custo inicial de estabelecimento destas empresas, que podem representar uma fonte importante, quer de fogos permanentes disponíveis atividades socio culturais já existentes, quer de rendibilidade para uma serie de serviços e fornecedores que podem já existir no tecido empresarial do concelho.
A comunicação desta oferta cultural, que deve ser programada anualmente, publicitada a ano inteiro, pelos canais e entidades próprias (Turismo de Portugal e Inatel), que são uma ferramenta de bastante valor, não muito utilizada.
Outras plataformas Online, de classificação de espaços turísticos como o Trip Advisor e Trivago, devem ser utilizadas e toda a informação, programação cultural bem como oferta turística deve estar presente.
A criação de festivais gastronómicos de dimensão média, apelando sempre ao que temos de melhor no concelho e distrito, parcerias com outras camaras municipais e associações na distribuição de informação e publicidade pode criar de forma muito rápida a abertura de um mercado que parece estar fechado para manutenção á vários anos.
A atividade “oferta de alojamento”, posicionado numa oferta para um turismo de classe B2 e D1 (Classes A, B1, B2, D1, D2, e C), turismo de curta/média Duração, pode dinamizar os eventos já existentes, bem como a utilização continuada dos espaços rentabilizando os mesmos, dentro e fora da sazonalidade natural da sua utilização por parte dos habitantes.
Um levantamento dos imóveis disponíveis para este tipo de iniciativas é uma urgência numa cidade com património arquitetónico de valor incalculável, que se encontra parado, abandonado e nalguns casos extremamente degradado, numa das avenidas mais emblemáticas da cidade, que julgo, dar uma má imagem a uma cidade com tantas potencialidades e a concelho com uma riqueza natural por aproveitar.
A realização de festivais de verão de média escala perto de grandes massas de água, tem sido também uma tendência nos últimos anos em Portugal.
Algumas autarquias, têm apostado num formato misto, Gastronomia + Animação Cultural, com uma aposta clara na repetição dos eventos de forma continuada e bem programada, criando hábitos de visita de forma progressiva, primeiro nos concelhos contíguos e depois, a nível nacional fazendo investimentos realistas no crescimento destes eventos através de um rácio Público/Investimento.
A esta potencialidade de Gastronomia + Animação, podemos juntar neste concelho outra vantagem competitiva, Gastronomia + Animação + Potencial Náutico, que pode fazer a diferença naquilo que é um mercado muito dinâmico com uma exigência especial no que toca às atividades disponíveis para visitantes.
Conclusão:
- Um mercado com grandes potencialidades, que pode ser catalisado de forma responsável pela autarquia;
- Pode contribuir de forma ativa para a manutenção e criação de postos de trabalho;
- Pode dinamizar e rentabilizar espaços e investimentos já feitos;
- Pode contribuir para o sucesso e expansão das atividades socio culturais já existentes;
- É um modelo de investimento e criação de emprego, já explorado pela atual camara, desta forma, não presenta um risco elevado;
- Pode ajudar a definir políticas concretas de programação e oferta cultural no concelho;
- Visa criar atratividade, para empresas desta área, mas que no futuro, com a subida de população flutuante: revitalizar o mercado imobiliário longo prazo, criar consumo em áreas que agora estão a sofrer com a fraca liquidez no presente momento de crise.
- Investir de forma responsável em contraciclo, criando pequenos circuitos de liquidez, pode fazer a diferença entre ter um tecido empresarial limitado, ou ter um tecido empresarial dinâmico com fontes alternativas de liquidez;
- A camara apresenta uma estabilidade financeira assinalável e como tal tem condições para investir no seu património, dinamizando-o com benefício para todos os agentes sociais e económicos do concelho.