Caros ouvintes, estamos em 2014 e a certeza que temos prende-se, sem novidade, com mais austeridade. Desde a assinatura do memorando com a troika, que a receita é cada vez mais austeridade e mais empobrecimento, a par do desmantelamento do país.
Como se não bastasse, a tragédia social leva os responsáveis por instituições de apoio, a manifestar o desespero pela incapacidade de lutarem contra o flagelo social que extravasou, com o brutal aumento do desemprego, que levou cerca de 120 mil portugueses a emigrarem.
Agora, as expetativas estão viradas para a saída da troika em Junho, como se a partir daí, pudéssemos dizer que a missão foi cumprida com sucesso. Na prática, estes sacrifícios foram bons para a banca que foi recapitalizada, mas será que valeu de alguma coisa? Creio que não! E o pior, é que Portugal vai estar mais duas décadas sob a tutela do BCE, conforme anunciaram os ministros das finanças da zona euro. Esta receita interessa a alguns e por cá, 25 famílias lucraram bastante. Os célebres mercados, que se enervam por tudo e por nada, vibram com as dívidas de Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda. Estas dívidas são as mais rentáveis para os credores a nível mundial segundo o índice da Bloomberg citado pelo site do jornal “Expresso”.
A estupidez chega ao ponto de não se perceber, que com a baixa de salários há menos poder de compra e logo, menos procura e quebra de vendas. O resultado é o aumento de pobreza que obriga a fechar negócios por falta de procura e uma lei fiscal errada, que origina o aumento do desemprego. No setor produtivo, baixa a produtividade, agravada pela falta de condições, motivação e má gestão da saúde. Para agravar a situação, ainda comprometemos o futuro, quando estamos a dar aos jovens de hoje, uma educação de baixos custos (low cost).
Neste cenário, temos um governo de faz-de-conta e um Presidente da República conivente com estas políticas que são de per si, o resultado da destruição da economia portuguesa. Cavaco Silva, apenas dá seguimento às suas políticas de destruição, tal como fez enquanto Primeiro-Ministro.
Muito bem instalado na vida, tal como todos os seus amigos que tiveram lucros com o BPN, Cavaco Silva demitiu-se das suas obrigações e, sem dúvidas, aprovou um Orçamento de Estado com cortes de salários para quem já vive em dificuldades. Justiça lhe seja feita, já admite, ao contrário do governo, que vamos ter um programa de assistência cautelar, ou lá o que lhe queiram chamar, mas para mim é um segundo resgate.
Custa-me que a minha primeira crónica neste ano passe uma mensagem tão negativa, mas esta é a realidade. Contudo, também existe esperança, e essa reside na luta que todos nós podemos fazer contra estas políticas que já provaram estarem erradas. Essa tomada de consciência pode não resolver o problema do país, mas assinala que os portugueses estão fartos, não acreditam em promessas e que em 2014 vão mostrar que não têm medo de ir à luta pelo seu país e pelo futuro das próximas gerações.