Caros ouvintes, assisti há poucos dias na grande reportagem da TVI, à denúncia do escândalo do financiamento de milhões de euros ao ensino privado, com o dinheiro dos contribuintes. A reportagem provou ainda, que esta política destrói a escola pública ao permitir a concorrência desleal, ilegal e o tratamento privilegiado aos privados. Tudo isto devia ser alvo de investigação criminal.
Os defensores da Escola Privada deviam ter vergonha quando defendem o gasto de milhões no privado para fechar o público. Isto não é liberdade de escolha, é destruir o que a democracia conquistou para todos. Afinal onde está a autonomia e a eficiência do privado? Afinal, onde está a falta de dinheiro? Claro, falta sempre aos mesmos e o que é de todos é privatizado. Também fico escandalizada com as ligações perigosas entre governantes, ex. governantes e ex. diretores regionais de educação com negócios lesivos do erário público.
Em nome da crise vale tudo… inclusive a técnica do medo. Foi assim com a mentira de que não havia dinheiro para salários e agora, Nuno Crato vem justificar as medidas do governo com argumentos inusitados, ao afirmar que uma “família teria que passar um ano inteiro a trabalhar sem comer” para pagar a dívida. O governo PSD/CDS-PP devia era pensar em soluções sérias como uma renegociação da dívida abusiva que está a sacrificar inutilmente os cidadãos e a destruir o Estado Social.
O que Nuno Crato faz é tirar a muitos para dar alguns – esta tem sido a receita do governo! Promove negócios onde há exploração e atropelos à lei, como acontece nas escolas privadas; esvazia a escola pública, despreza os professores e deita por terra os investimentos que tanto custaram aos contribuintes para requalificar escolas. Ao contrário, paga 154 milhões a colégios privados, fecha escolas e despede professores.
O anedótico Guião do Estado de Paulo Portas, sempre com um truque na manga, pretende que grupos de professores apoiados por grupos económicos possam gerir independentemente escolas a seu belo prazer. Este governo quer copiar um modelo desastroso que David Cameron está a lançar em Inglaterra e está a ter maus resultados. Mas Portas vai mais longe! Através de um cheque ensino, o governo pretende entregar 400€ a cada pessoa que retire um aluno da escola pública, para o colocar em colégios privados. Levar isto a sério, seria perceber o fim da escola pública e a destruição imediata de todo o orçamento.
Com este tipo de políticos e políticas não vamos lá. E ao contrário da ilusão que nos querem impingir, as previsões adiantadas pela Comissão Europeia, vêm confirmar o cenário negro para o emprego no próximo ano, e que, em 2015, Portugal poderá esperar um novo pacote de austeridade no valor de 1700 milhões.
Ou seja, a principal instituição europeia veio desmentir o próprio Governo, quando ainda há uma semana atrás foi apresentado o Orçamento do Estado como um orçamento de libertação. Certo é, que vem aí mais desemprego, mais austeridade e o fim do sistema público, em especial o principal pilar de um país – a Educação!