Caros ouvintes, várias vezes vos falei do desemprego porém a propaganda sobre este tema contrasta com a dura realidade e obriga-me a repor aqui a verdade sobre este flagelo.
De que nos serve saber que as inscrições nos Centros de Emprego diminuíram, quando sabemos que a taxa do desemprego real subiu? Não será ainda pior sabermos que quem não está inscrito, pode estar numa situação bem pior ainda?
A verdade é que temos cerca de um milhão e meio de desempregados, o que representa uma taxa na ordem dos 25% mas apenas pouco mais de 300 mil desempregados recebem subsídio.
A resposta do governo ainda é mais dramática e volta a contrariar o tribunal constitucional, ao querer facilitar mais os despedimentos e preparar-se para despedir mais funcionários públicos. Estes despedimentos não vão ser os boys que abundam nos ministérios e que mesmo assim não evitam que se contrate uma empresa por 25 mil euros para atender telefones… Os despedimentos vão ser onde fazem mais falta e, para vos dar um exemplo, de 2010 a 2013, o desemprego nos professores subiu 256%. Não me venham dizer que os professores não fazem falta? Tudo isto foi o resultado dos mega agrupamentos que obrigam crianças a deslocarem-se para fora das suas localidades e a integrarem turmas com 30 alunos, com efeitos muito negativos para o ensino. Mas, em nome da crise vale tudo e em nome da incompetência do governo até valem meias licenciaturas – ao que nós chegámos!
Passos Coelho ainda nos veio dizer que tinham sido criados 120 mil empregos… É possível! Mas no estrangeiro, para onde 120 mil portugueses tiveram de partir para sobreviver. Também esta mentira contrasta com a realidade, quando sabemos que em 2013 desapareceram 121 mil empregos. O pior pode estar para vir com o regresso de portugueses que se confrontam com uma Europa sem políticas de emprego. A par desta tragédia, baixaram os salários, aumentou a precariedade e o país continuou em recessão; os desvalidos perderam apoios, ficaram dependentes da caridade assistencialista e os idosos além de assaltados vêem-se desesperados.
A verdade dos sacrifícios que Passos Coelho e Paulo Portas infligem aos portugueses contrastam com as notícias de que Soares dos Santos obteve do governo um benefício fiscal de 80 milhões de euros para transferir para a Holanda; e, enquanto cortam as migalhas de quem já pouco tem, os submarinos de Paulo Portas que não servem para nada, vão custar mais 300 milhões de euros em manutenção técnica.
Para este governo as pessoas estão em último lugar e o governo rejubila por a troika se ir embora, deixando o país mais pobre e mais endividado… No comunicado da décima avaliação, o FMI exige mais empobrecimento, flexibilidade no mercado de trabalho e “racionalização da administração pública”. Este vai ser o cenário garantido pelo menos até 2020 com uma austeridade que mata. E esta “racionalização” só tem uma leitura para este tipo de governo – despedimentos! Esta sim é a verdade do desemprego!